A APIRAC está fortemente comprometida com toda a cadeia de valor para assegurar as condições que permitam às empresas responder aos exigentes desafios que se colocam para a próxima década.
Vivemos tempos de transformação. Há quase 10 anos, a Comissão Europeia publicou a sua primeira Estratégia de Aquecimento e Refrigeração. Desde então, o sistema energético da União Europeia (UE) mudou. Assumiu a direção da descarbonização total, tendo em vista a neutralidade climática em 2050 e as metas intermédias de energias renováveis e eficiência energética para 2030 e, potencialmente, 2040. A urgência desta trajetória foi ainda mais sublinhada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, que revelou a dependência da UE dos combustíveis fósseis importados.
Com o novo regulamento F-Gas, a UE impõe restrições mais severas sobre o uso de HFC, condicionando a transição para alternativas de baixo potencial de aquecimento global. A legislação europeia aponta para que a partir de 2036, a redução da utilização desta geração de fluidos frigorigéneos passe a apenas 15%, e que no ano de 2050 se atinja o objetivo do fim da sua utilização.
Uma nova era em que os gases fluorados perderão protagonismo: o calendário de eliminação progressiva determina que a utilização de gases fluorados só será possível para as tarefas de manutenção, principalmente com fluidos recuperados; que os sistemas de Refrigeração e Climatização sejam ainda mais eficientes e seguros, ao passarem a utilizar fluidos frigorigéneos alternativos com um baixo PAG, porque nuns casos são inflamáveis, noutros com elevadas pressões e, em aplicações muito específicas, tóxicos. Uma nova era que aponta para a eficiência energética e otimização no funcionamento e utilização dos sistemas, na qual os SACE serão protagonistas.
A transição dos fluidos frigorigéneos sinaliza um estágio para a evolução do setor e das suas aplicações tecnológicas, em que todo o setor é convocado para atualizações formativas, certificação de competências adequadas às exigências e equipado para um futuro sem gases fluorados.
Por seu turno, a EPBD reconhece amplamente as bombas de calor como a opção disponível para cobrir as necessidades energéticas dos edifícios com emissões nulas.
Também a Diretiva Energias Renováveis revista reconhece as bombas de calor como uma tecnologia que contribui para o objetivo global em matéria de energias renováveis e garante a segurança do aprovisionamento energético.
A definição de habitação a preços acessíveis associada a normas mínimas de desempenho energético é necessária e bem-vinda. Condições acessíveis significa habitação que não só é baixa em termos de renda ou preço de compra, mas também garante baixos custos de exploração energética que podem ser alcançados através da adoção de tecnologias limpas, tais como bombas de calor.
Ao promover requisitos mínimos de eficiência energética para sistemas de aquecimento e arrefecimento em projetos de habitação a preços acessíveis, Portugal impulsionará a descarbonização, que é fundamental para alcançar os objetivos energéticos e climáticos da UE. A substituição de sistemas baseados em combustíveis fósseis por soluções renováveis, como as bombas de calor, é fundamental para esta transição.
As bombas de calor oferecem simultaneamente capacidades de aquecimento e arrefecimento. Além disso, os sistemas de bombas de calor podem capturar o calor residual gerado durante o arrefecimento ou ventilação e reutilizá-lo para fins de aquecimento, incluindo aquecimento de espaços e fornecimento de água quente. Esta abordagem integrada permite a descarbonização total e reduz os custos de eletricidade devido à elevada eficiência energética destas tecnologias.
A APIRAC está fortemente comprometida com toda a cadeia de valor para assegurar as condições que permitam às empresas responder aos exigentes desafios que se colocam para a próxima década. O trabalho em parceria com a rede internacional põe este problema no centro das preocupações - não é exclusivo a Portugal. É necessário que os padrões de atuação sejam harmoniosos em toda a União Europeia. Tal implica o desenvolvimento de uma linguagem uniforme sobre aspetos de ordem técnica e de segurança, particularmente tendo em conta com a transição em curso para fluidos inflamáveis A2L e A3, mas também com elevadas pressões (CO2). O exemplo da Regulamentação para os Gases Fluorados e suas alternativas deve ser a referência para a metodologia a seguir para a correta implementação das EPBD e para a Promoção de Energia de Fontes Renováveis (REDIII).
A atualização técnica de tecnologias e pessoas deve ser ainda acompanhada de fortalecimento de competências sociais e de liderança. Comunicação eficaz, adaptabilidade e trabalho em equipa serão essenciais à medida que o setor evolui, particularmente com a integração de Inteligência Artificial, Automação e Controlo de Edifícios.

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