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Opinião

Opinião | Novo aeroporto, turismo de massas e sustentabilidade

Nuno José Ribeiro, Advogado, Pós-Graduado em Direito da Energia*

24/10/2025

Oito de Março de 1969 é data em que Marcello Caetano, então Presidente do Conselho de Ministros, Primeiro-Ministro como se diz hoje, e Américo Thomaz, então Presidente da República, criaram mediante o Decreto-Lei n.º 48902 daquela mesma data, o Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa (GNAL), prevendo-se que estivesse operacional em 1978. A justificação para a ampliação da estrutura da Portela, que na sua formatação base remonta a 1930, ou seja há noventa e cinco anos é a mesma de hoje. Conforme se refere no preâmbulo daquele diploma, “E assim aquele Aeroporto, construído em 1930, registou um movimento de 2.900 passageiros em 1942, passando para 50.000 em 1946 e 64.000 em 1952, logo atingindo os 245.000 em 1958. Após a guerra, entre 1959 e 1967, o tráfego de passageiros passou de 428.000 para 1.422.000, e estudos de previsão recentes, feitos por firmas especializadas na matéria, anunciam que atingirão os 4 milhões de passageiros em 1975 e talvez 8,5 milhões em 1980.

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As várias adaptações realizadas no Aeroporto, como a preparação das pistas para os aviões a jacto e a adaptação das instalações para procurar atender ao crescente movimento de passageiros, nunca chegaram a satisfazer as necessidades, dado que a evolução do tráfego aéreo se tem processado num ritmo que muitas vezes ultrapassa as mais amplas previsões. O fenómeno é geral, e assim se tem assistido ao crescimento constante dos grandes aeroportos mundiais e à duplicação e triplicação do número de aeroportos que servem grandes cidades.

No caso de Lisboa, as entidades responsáveis pela aeronáutica civil e pelo planeamento regional sentiram a acuidade do problema, estando já fixadas, em princípio, no Plano Director da Região de Lisboa, as localizações do novo aeroporto e do aeródromo de turismo, que vão servir a capital. A possibilidade de adiar por mais alguns anos a resolução deste importante problema nacional, mediante ampliação das instalações do actual Aeroporto de Lisboa, foi devidamente ponderada. Verificou-se, porém, que o investimento requerido para satisfazer necessidades à vista ultrapassaria os 600.000 contos e que, embora pudesse ser amortizado em curto prazo, se tornaria insuficiente dentro de pouco tempo, em face da previsão do tráfego para o período compreendido entre 1975 e 1980 e do agravamento que é de esperar quando, em futuro próximo, entrarem em serviço, segundo se prevê, aviões com a capacidade de 450 passageiros.

Impõe-se, portanto, enfrentar o problema rapidamente, tanto mais que o País não pode perder a posição privilegiada que tem quanto às comunicações aéreas, quer no plano internacional, quer no plano interno, como consequência da distribuição geográfica do seu território por vários continentes e da situação da metrópole na periferia atlântica da Europa.

Em duas palavras: mais turistas e mais turismo. Nós que vivemos em 2025 temos o conhecimento directo do resultado prático desta opção.

Vive-mo-lo na pele e na carteira. As ruas saturadas, as esperas nos espaços de restauração e similares, o estacionamento caótico, o aumento exponencial dos preços, as filas nos museus e espaços culturais, a expulsão dos lisboetas da cidade, os hotéis em cima uns dos outros   e as próprias filas no aeroporto em si mesmo são causas para a degradação da qualidade de vida de Lisboa. Dos que ainda cá conseguem viver, e dos que cá vêm. E também da degradação da própria experiência turística.

Basta ver por exemplo as enxurradas de visitantes que saem dos cruzeiros, parqueados em plena Baixa Alfacinha, em busca do souvenir, do very typical. De um fadunçho mal amanhado pelos empregados que cantam, servem às mesas e ainda dançam o vira ou corridinho desde que renda. Como disse há mais de 40 anos Francisco Lucas Pires, Portugal é “o INATEL da Europa”. Nada contra se quiser que o nosso desenvolvimento seja feito com base num modelo quantitativo em vez de qualitativo.

Sejamos claros, não se trata de limitar o turismo aos ricos, até porque estes não são garantia de respeito pela autenticidade de uma cidade. Vejamos o caso, a todos os títulos infeliz, de Veneza, com barcos-cidade a atracarem quase na Praça de São Marcos e que há tão pouco tempo foi “alugada” para o casamento de Jeff Bezos. A Veneza que defendo é La Serenissima, de Canelleto a Mr Ripley, não uma espécie de Disneylandia, com inclusive acesso pago mediante torniquetes, tal e qual como nos parques de diversão. Da mesma forma que Lisboa, não pode nem deve tornar-se numa espécie de um novo Portugal dos Pequenitos, limitado pelo triângulo Belém-Chiado-Parque das Nações.

Com tudo isto o que pretendo dizer é que antes de pensar nas questões inerentes a um novo aeroporto, dever-se-ia ter pensado na sua efectiva necessidade em função dos custos e benefícios para a Área Metropolitana de Lisboa de uma estrutura cujo sentido é apenas trazer mais gente para Lisboa, E isto é assim desde há 57 anos. Umas quantas gerações.

Felizmente, esta coisa muito portuguesa de nos perdermos em estudos e diagnósticos tem tido a vantagem prática de evitar a consumação do novo aeroporto e apenas por esse motivo, ainda vamos a tempo. O aumento do número de passageiros é inevitável em resultado da conjugação de três factores: mais população, mais rendimento per capita disponível, preços mais baixos dos bilhetes, graças às companhias low cost, ultra low cost e charters.

Não sou especialista nem em aviação, nem em gestão urbanística mas, apesar disso, considero que há uma solução alternativa mais eficaz tanto do ponto de vista do imediatismo operacional, pluralidade de valências, e de custos imediatos. O aeroporto de Beja, resultante do aproveitamento de uma antiga base aérea, custou há época, 33 milhões de euros e é o único em Portugal, Continental e Ilhas, com capacidade para acolher o maior avião comercial do Mundo, o gigante Airbus A 380.

De acordo com uma notícia do Diário do Alentejo datada de 22 de Julho de 20221.

“O aeroporto de Beja pode ficar a 75 minutos de Lisboa e ser complementar à Portela, sendo custo disso apenas um quarto do que a Vinci diz ir investir na solução Montijo. Manuel Tão, professor catedrático na Universidade do Algarve e especialista em transportes, defende que esta opção tem de ser “tomada já” para não se correr o risco de perder o acesso aos fundos europeus. [...]Manuel Tão, geógrafo, professor na Universidade do Algarve e especialista em transportes e planeamento regional, disse ao “Diário do Alentejo” que a solução Beja, como complemento ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, custaria “menos de um quarto daquilo que, recentemente, a Vinci admitiu investir na transformação da base aérea do Montijo.

O professor universitário estima que um “pacote integrado” que inclua a finalização da A26, a eletrificação da linha do Alentejo na totalidade e o novo ramal de ligação ao aeroporto de Beja custaria cerca de 400 milhões de euros, “comparticipados a 80 por cento pelos fundos europeus”, o que significa que a comparticipação nacional não ultrapassaria os 80 milhões. Acresce que não só se resolveria a curto prazo a insuficiência da infraestrutura lisboeta, como se “asseguraria a ligação ao aeroporto de Faro, que dentro de uma década também ficará congestionado”, garante Manuel Tão”.

A isto proponho que, em sede de infra-estruturas, se conjugasse uma derivação para carga por estrada e ferrovia de Sines até ao Aeroporto de Beja a par com outra ligação também por estrada e ferrovia rápida ao Algarve e em sede operativa a consolidação do Alentejo enquanto destino turístico premium. Beja teria assim uma múltipla funcionalidade:

a) complemento à Portela por via de ser destino das low cost e ultra low cost e com ligações rápidas  de e para Lisboa, como por exemplo, Lutton ou Stansfield  face a Londres ;                                                                            

 b) movimentação de carga:

 c) placa para aviação privada:

d) estacionamento e manutenção de aviões;

 e) polo distribuidor de tráfego e passageiros para o Alentejo e Algarve.

Recorde-se que isto está em linha com o que já esta a ser feito no aeroporto de Beja, como sucede com o investimento de mais 60 milhões pela Mesa, do Grupo Hy Fly, anunciado em Março de 2025: “A MESA, do grupo Hi Fly, vai investir mais 60 milhões de euros no aeroporto de Beja, num segundo hangar para manutenção de aeronaves. Em comunicado conjunto hoje divulgado, a ANA e a MESA revelaram que este novo investimento permitirá “triplicar a capacidade de manutenção”, reforçando o papel do aeroporto de Beja “como polo de desenvolvimento aeroespacial e industrial na Europa. O novo hangar da MESA, com 11 mil metros quadrados, será construído junto às actuais instalações da empresa e permitirá a manutenção de todas as aeronaves da família Airbus”, pode ler-se no comunicado.

A MESA “irá reforçar a sua capacidade de prestação de serviços, incluindo manutenção pesada e em linha, modernização de interiores, substituição de motores e trens de aterragem, testes hidráulicos, correcção de avarias e inspecções baroscópicas de motores”, precisou a empresa do grupo Hi Fly.”2

Tudo isto por uma parte dos custos totais de um aeroporto de raiz em Lisboa e sem os riscos técnicos e ambientais das soluções já ponderadas. Portugal merece que pelo menos se pondere esta solução. E antes de se consumar o tema do novo aeroporto de Lisboa.

Mas o excesso de turismo, ou se preferir dizer em Inglês “over turism”, é um fenómeno transversal aos países do Sul ao Norte da Europa, com tanto as consequências como as reações, já a fazerem-se sentir.

 

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Sem embargo, as medidas de contenção turística já se fazem sentir em ambos os lados do Atlântico. A nova taxa de viagem da Europa será lançada no próximo ano. O acessório de viagem indispensável do momento é uma carteira bem recheada.

Provavelmente já ouviu falar que os Estados Unidos introduziram uma nova «taxa de integridade do visto» de US$ 250 para visitantes internacionais.

A União Europeia também tem estado ocupada na frente das taxas de viagem, aumentando recentemente a taxa do seu próximo Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagem (ETIAS) de 7 para 20 euros (cerca de 23 dólares). A taxa será aplicada a cidadãos de países não pertencentes à UE que não necessitam de visto — ou seja, os EUA, o Reino Unido, o Canadá, o Japão e outros — e o plano é que ela entre em vigor no final de 2026.

A Comissão Europeia atribui este aumento significativo ao aumento da inflação, aos custos operacionais adicionais — e também à harmonização com outros programas de autorização de viagem, como o ESTA nos EUA (com um preço de 21 dólares) e o ETA no Reino Unido. O Reino Unido aumentou o custo da sua Autorização Eletrónica de Viagem (ETA) em abril, passando de 10 para 16 libras (também cerca de 21 dólares).

Como diz o ditado ‘porta roubada, trancas à porta’.

1. https://diariodoalentejo.pt/pt/noticias/14276/aeroporto-de-beja-mais-barato-e-a-75-minutos-de-lisboa.aspx

2. https://www.transportesenegocios.pt/mesa-investira-mais-60-milhoes-no-aeroporto-de-beja/

*O autor escreve segundo o Antigo Acordo Ortográfico.

Leia o restante artigo onde o autor refere mais países - Espanha, Itália, Países Baixos e Alemanha - na edição online.

Espanha

A participação do setor do turismo no PIB da Espanha, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística para 2023, foi de cerca de 12%. Além disso, cerca de 11,6% da população ativa está empregada neste setor, o que significa que o turismo proporciona 2,5 milhões de empregos. Ao mesmo tempo, desde 2020, a participação do turismo no PIB só tem crescido, e o número de viajantes estrangeiros bateu o recorde em 2024 — cerca de 94 milhões de pessoas.

No entanto, apesar dessa dependência tão grande do país em relação aos turistas, muitos residentes locais defendem a limitação do fluxo turístico. Em Maio de 2025, milhares de residentes espanhóis saíram às ruas das Ilhas Canárias, Barcelona, Valência e Madrid para protestar contra o excesso de turismo. Eles ficaram indignados porque, devido aos turistas que vêm passar férias, os residentes locais não conseguem alugar moradias, cujo custo está se tornando inacessível, e a carga sobre a infraestrutura e a natureza está aumentando.

Além disso, o comportamento dos estrangeiros foi condenado — o consumo excessivo de álcool e drogas muitas vezes provoca conflitos. O Plano de Ação de Eletrificação deve permitir uma eletrificação inteligente que ajude os consumidores a reduzir as suas contas e melhore o caso de negócios para as energias renováveis.

Em 15 de Junho de 2025, ocorreram mais protestos contra o turismo de massa em Barcelona, Granada, San Sebastian, Palma de Maiorca e Ibiza. A ação fez parte de protestos coordenados que ocorreram simultaneamente em várias cidades do sul da Europa, incluindo Veneza, Lisboa, Palermo e outros importantes centros turísticos.

As últimas manifestações não são novidade para este país: no Verão de 2024, manifestações semelhantes ocorreram em muitas cidades turísticas da Espanha. Em particular, os moradores locais usaram pistolas de água de brinquedo, com as quais borrifavam os turistas, às vezes cercavam hotéis e até incendiavam e destruíam carros alugados — cerca de 20 deles, de acordo com a polícia local.

Em Maio de 2025, em resposta aos protestos, as autoridades espanholas exigiram que a plataforma de arrendamento de curta duração Airbnb removesse cerca de 66 mil anúncios devido a violações das regras de arrendamento.

Em Barcelona, o presidente da câmara da cidade também anunciou um aumento na taxa turística para quem fica na cidade por menos de 12 horas — uma medida voltada para os viajantes de cruzeiros que fazem escala na cidade.

Itália

Outro país europeu que depende fortemente do turismo é a Itália. A participação do turismo no PIB nacional chega a cerca de 10%, mas, segundo analistas, até 2034 essa participação ultrapassará os 12%.

Tal como em Espanha, muitos habitantes locais opõem-se ao fluxo maciço de viajantes estrangeiros para algumas regiões. Em Fevereiro de 2025, apareceu um grafitti com a inscrição «demasiado» sob o teleférico da estância de esqui Alpe di Siusi, nas Dolomitas. Os habitantes locais expressam assim o seu descontentamento com o crescente fluxo de turistas no inverno e exigem que se limite o seu afluxo.

O último grande protesto ocorreu em 15 de Junho de 2025 em Veneza, Nápoles, Génova, Palermo e Milão. Em Veneza, os participantes opuseram-se à construção de dois novos hotéis projetados para 1,5 mil pessoas. A escala dos protestos é considerada uma das razões pelas quais o casamento do fundador da Amazon.com, Jeff Bezos, com Lauren Sanchez foi adiado para uma data posterior. Anteriormente, ocorreram protestos, por exemplo, em Milão, em Agosto de 2024. Na ocasião, um grupo de manifestantes colou autocolantes pela cidade e danificou cofres de chaves, que geralmente são instalados na entrada de apartamentos alugados por curtos períodos.

Tradicionalmente, a principal cidade cujos residentes têm sido a favor das restrições ao turismo é Veneza. A cidade, onde vivem cerca de 50 mil pessoas, é visitada por cerca de 20 milhões de turistas anualmente, e a maioria deles simplesmente passa algumas horas na cidade, sem sequer pernoitar.

A fim de reduzir a carga sobre a cidade, em 2024, as autoridades locais introduziram uma taxa adicional de 5 euros para visitar o centro histórico. Os turistas devem pagar este imposto apenas em determinados dias, principalmente aos fins de semana, quando há o maior fluxo de viajantes: um total de 29 dias entre 25 de Abril e 14 de Julho.

No entanto, a inovação causou protestos não por parte dos turistas, mas dos próprios residentes da cidade. De acordo com os manifestantes, esta medida contradiz a Constituição italiana, que garante a todos o direito à livre circulação e, em geral, esta decisão não resolverá o problema do fluxo excessivo de turistas.

Países Baixos

Os Países Baixos estão muito atrás da Espanha e da Itália em termos de número de turistas, mas, mesmo assim, o país está entre os 10 destinos turísticos mais populares da Europa. Em 2023, o número de visitas de turistas estrangeiros atingiu 20,3 milhões, o que foi um recorde nos últimos dez anos de observações. A principal cidade que recebe mais visitantes é a capital do país, Amesterdão.

Em 2024, o número de pernoites de turistas em Amesterdão (uma das métricas para analisar a popularidade dos destinos turísticos) atingiu 22,9 milhões de noites, excedendo o limite da cidade de 20 milhões. Isso representa um aumento de 3% em relação ao ano anterior, e espera-se que ainda mais turistas visitem a cidade.

As autoridades municipais estão a tomar medidas para conter o fluxo de turistas. Por exemplo, os funcionários aumentaram a taxa turística de 7% para 12,5% do custo do arrendamento de alojamento — a percentagem mais alta entre todos os países europeus. Além disso, há planos para reduzir o número de navios que atracam no porto de 190 para 100 por ano. Nos próximos anos, o número de camas de hotel aumentará 6%, mas a construção de novos hotéis é proibida.

O vice-presidente da Câmara Municipal, Sofyan Mbarki, afirmou que apresentaria um novo pacote de medidas para reduzir a carga turística até 1 de Dezembro de 2025. No total, de acordo com as autoridades municipais, mais de 75 medidas foram tomadas nos últimos anos para combater as consequências negativas do turismo excessivo: desde a introdução de regras que regulam a capacidade das pensões e casas de férias até ao adiamento e redução dos cruzeiros marítimos e fluviais e à proibição de autocarros no centro da cidade.

Também na Alemanha, os problemas do excesso de turismo fazem-se sentir e até fora dos grandes centros, como Berlim ou Munique, por exemplo.

A título de exemplo, a região dos Lagos da Lusácia, junto à fronteira com a República Checa, enfrenta o problema do excesso de turistas.

Há lagos, pomares, enormes moinhos de vento e, ao longe, a central elétrica Schwarze Pumpe, uma usina de 800 megawatts que queima carvão lignítico.

Esta é uma imagem do passado — e do futuro — da Alemanha.

“A Alemanha está a eliminar gradualmente a produção de energia a carvão até 2038”, explica Heinz Müller, um ex-engenheiro que trabalhou nas minas de carvão da Alemanha Oriental.

É também uma imagem do futuro do turismo na Alemanha. Esta parte do país costumava ter uma reputação de minas de lignite a céu aberto e poluição intensa. É um contraste dramático com a cena atual. Logo abaixo do Rusty Nail, há florestas de pinheiros intocadas, lagos que brilham sob o sol e ciclovias de asfalto imaculadas. Os únicos sinais de atividade humana abaixo são alguns outros ciclistas. O ar está limpo novamente.

Após a mineração a céu aberto, um futuro sustentável

Müller testemunhou a transformação da região, que começou com o fim da mineração no final da década de 1960, no que hoje é o Lago Senftenberg. As autoridades consideraram três possibilidades: silvicultura e conservação da natureza, uso agrícola ou uso recreativo, o que implicava encher as cavidades com água. Elas escolheram as três opções.

A transformação de Lusatia não é apenas um projeto ambiental.

«É um exemplo natural de sustentabilidade», diz Müller.

Esta região, outrora uma potência industrial, está a transformar-se numa economia de serviços, com o turismo no seu centro. É um empreendimento colossal, um programa de regeneração de mais de 2 mil milhões de dólares que transformou antigas minas a céu aberto na maior região lacustre artificial da Europa.

Existem 26 novos lagos, 13 dos quais já estão acessíveis, muitos ligados por canais e uma impressionante rede de ciclovias com 300 milhas. Este projeto atraiu a atenção global e serviu de modelo para a reconstrução paisagística em grande escala e a limpeza ambiental.

O objetivo não é apenas limpar, mas tornar essas paisagens utilizáveis novamente, restaurando-as ou redesenhando-as de maneira adequada ao seu novo propósito.

Esta região, outrora uma potência industrial, está a transformar-se numa economia de serviços, com o turismo no seu centro. É um empreendimento colossal, um programa de regeneração de mais de US$ 2 mil milhões que transformou antigas minas a céu aberto na maior região lacustre artificial da Europa.

A transformação não tem sido fácil. Um grande obstáculo tem sido a acidez dos lagos. Müller diz que a água nessas antigas minas tinha inicialmente valores de pH abaixo de 5, devido aos minerais agitados durante a mineração. Para torná-las seguras para a vida aquática e recreação humana, elas tiveram que ser lavadas com água do rio ou ter calcário derramado, elevando o pH para níveis sustentáveis para os peixes.

Outra questão persistente é garantir a estabilidade geológica da área. A terra retirada das minas ao longo de décadas era frequentemente depositada em pilhas soltas, criando um risco de deslizamentos de terra. O monitoramento e a reparação contínuos são cruciais, pois um passo em falso pode fazer com que uma secção deslize de volta para a água. É um enorme desafio de engenharia contínuo sob a superfície tranquila.

E embora os empregos no turismo estejam a crescer e a formar uma base importante para a renovada vitalidade económica da região, eles não podem substituir totalmente as dezenas de milhares de empregos perdidos na indústria do carvão. Isso representa uma mudança fundamental não apenas na paisagem, mas na própria comunidade. É uma transição que requer paciência.

Lusatia está a promover-se como um importante destino turístico e pretende aumentar o número de pernoites de 930 000 para 1,5 milhões por ano. Então, o que há para fazer, além de admirar a transformação da região?

Há ciclismo, é claro, com aquela extensa rede de ciclovias. Pesca, mergulho e passeios a cavalo também são opções importantes. Há acomodações que variam de simples parques de campismo a apartamentos flutuantes para aluguer de férias, bem como resorts de luxo.

O Seeschlößchen Ayurveda Spa & Hotel, de quatro estrelas, é um exemplo fascinante dessa nova direção. É um refúgio «somente para adultos», com foco no bem-estar e na natureza. Oferece um spa de 5.000 metros quadrados com piscina exterior aquecida. O hotel, cujo nome significa literalmente «pequeno castelo à beira-mar», tem uma abordagem culinária que combina a cozinha regional da Lusácia com pratos ayurvédicos do Sri Lanka.

Apesar dos desafios, a Lusácia está a passar por um renascimento ecológico notável. Os lagos são agora o lar de uma biodiversidade próspera. Na ilha protegida do Lago Senftenberg, é possível ver mais de 80 espécies diferentes de aves, que ali nidificam ou passam durante a migração. De forma mais ampla, animais e plantas expulsos de outras paisagens europeias intensamente cultivadas, incluindo lobos, a poupa-eurasiática e uma planta chamada cavalinha-grande, estão a recuperar estas áreas.

Esses lagos recém-criados também servem como reservas hídricas vitais contra as alterações climáticas, armazenando água durante os períodos chuvosos e liberando-a durante as secas, uma função crucial para cidades como Berlim, que dependem da água que flui através da Lusácia. Toda essa região se tornou um laboratório gigante para geólogos, economistas e biólogos, explorando o que uma paisagem pós-industrial e renaturalizada pode se tornar.

A vista panorâmica do Rusty Nail é mais do que um olhar sobre o passado e o futuro energético da Alemanha. Este monólito de metal oferece um ponto de vista privilegiado sobre o que é possível quando se trata de turismo sustentável.

É uma metáfora poderosa para a própria Lusácia – uma região profundamente marcada pelo seu passado, mas que agora busca algo totalmente novo. A transformação aqui é uma declaração de intenções, uma crença de que mesmo as áreas mais industrializadas podem se recuperar e prosperar novamente.

Mas o caminho à frente não será fácil. O equilíbrio entre energia sustentável, turismo em expansão e preservação ambiental é um desafio complexo.

O afluxo de visitantes comprometerá os delicados ecossistemas que apenas começaram a recuperar-se? A região poderá adaptar a sua infraestrutura energética para atender às exigências de um clima em mudança sem prejudicar a sua economia?

A região dos lagos da Lusácia provavelmente terá as respostas até 2038 — se não antes.

Sem embargo, as medidas de contenção turística já se fazem sentir em ambos os lados do Atlântico.

A nova taxa de viagem da Europa será lançada no próximo ano

O acessório de viagem indispensável do momento é uma carteira bem recheada.

Provavelmente já ouviu falar que os Estados Unidos introduziram uma nova «taxa de integridade do visto» de US$ 250 para visitantes internacionais.

A União Europeia também tem estado ocupada na frente das taxas de viagem, aumentando recentemente a taxa do seu próximo Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagem (ETIAS) de 7 para 20 euros (cerca de 23 dólares).

A taxa será aplicada a cidadãos de países não pertencentes à UE que não necessitam de visto — ou seja, os EUA, o Reino Unido, o Canadá, o Japão e outros — e o plano é que ela entre em vigor no final de 2026.

A Comissão Europeia atribui este aumento significativo ao aumento da inflação, aos custos operacionais adicionais — e também à harmonização com outros programas de autorização de viagem, como o ESTA nos EUA (com um preço de 21 dólares) e o ETA no Reino Unido.

O Reino Unido aumentou o custo da sua Autorização Eletrónica de Viagem (ETA) em abril, passando de 10 para 16 libras (também cerca de 21 dólares).

Como diz o ditado ‘porta roubada, trancas à porta’.

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