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Em segurança se solda, corta e molda metais… [3]

Manuel Martinho | Engenheiro de Segurança no Trabalho23/07/2024
…Continuação do artigo anterior
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Discos de corte e abrasivos

Os discos de corte e desbaste fazem parte do grupo das ferramentas abrasivas, para serem utilizados em equipamentos de trabalho como rebarbadoras; servem para alisar cordões de soldadura, para lixar, polir, para retirar excesso de material de uma superfície metálica e servem também para afiar ferramentas.

São compostos por milhares de grãos unidos por uma liga de resina, telas de fibra de vidro, estando a forma ou finalidade apenas relacionadas com a metodologia de como é fabricado e quais os materiais usados.

A dureza, resistência, durabilidade do grão e o tipo de aglomerante são características que permitem diferenciar os grãos e escolher a melhor opção consoante a tipologia e exigência em que vai ser usado, sendo que quanto maior for o grão mais profundo será o desbaste (maior rugosidade), logo a quantidade de material removido será maior.

São fabricados por aderência dos grãos a um material flexível, como papel, fibra, tecido ou algum tipo de filme, o que os torna mais flexíveis para trabalhar.

Nos colados, os grãos (qualquer que seja o material) são fixados a uma base de suporte por colas, resinas ou vernizes.

Disco de corte

Disco de corte

Classificação de grãos abrasivos (Fonte: https://ota-abrasivos.com/produtos/)
Classificação de grãos abrasivos (Fonte: https://ota-abrasivos.com/produtos/)

As cintas de lixa são exemplos de abrasivos revestidos. Os não tecidos são grãos abrasivos fixados em fibra de nylon, e nesse caso apenas materiais sintéticos são usados para fabricar o disco.

A escolha dos discos

Os certificados de segurança requeridos para os discos abrasivos são referidos nas Normas (EN):

• EN 12413 para ferramentas de desbaste com abrasivos aglomerados;

• EN 13236 para ferramentas de desbaste com diamante;

• EN 13743 para abrasivos flexíveis;

A escolha do disco mais adequado deve ter em consideração o tipo de material onde vai ser usado e o tipo de disco (corte, desbaste), as propriedades físicas (grão, dureza, tolerâncias, espessura), o diâmetro do disco, o calor gerado, a pressão do disco exercida na peça de trabalho e a compatibilidade com o equipamento ou máquina onde vai ser acoplado.

A velocidade nominal, prevista e de trabalho (Rotações por minuto - RPM).

Para garantir se são compatíveis devem verificar-se as especificações do fabricante do equipamento e do disco em termos de:

i. Diâmetro e espessura do disco: tipo e forma de acomodação do disco selecionado e no equipamento de utilização.

ii. Velocidade de rotação admissível: A velocidade máxima de rotação do disco e a velocidade do equipamento deve situar-se dentro dos limites indicados no manual de utilização do equipamento / máquina.

Em sentido mais lato pode afirmar-se que cada tipo de serviço exige um produto específico, daí que um disco de corte não deve ser utilizado como disco de desbaste, assim com os discos de desbaste não são indicados para cortar.

Geralmente são fabricados discos de corte de diamante, discos de corte de aço inox e discos de corte de aço carbono, cujas diferenças se situam na composição, uma ou duas camadas de grãos abrasivos, variação de espessura em milímetros, e nas telas que garantem mais resistência. Exigem precisão no corte, aplicando-o com um ângulo de 90° em relação à peça, sem o que podem romper (um risco a não subestimar).

Os discos de desbaste são construídos e projetados estritamente para operações de desbaste e remoção de material, e devem ser utilizados com um ângulo de 30° em relação à peça-obra e não na horizontal.

Um grão abrasivo tem várias funções: o mais grosso, de calibre mais baixo, é indicado para operar na remoção de imperfeições e defeitos das peças, irregularidades, pequenas rebarbas e remoção de material acumulado, como os cordões de solda em superfícies; o de calibre mais alto é usado para lixagem de acabamento e polimento.

A tela de fibra de vidro proporciona ao disco resistência para a função, e a resina ou liga é responsável por manter unidos os grãos, assegurando-lhes eficiência.

Para ferro fundido e metais não ferrosos (cobre, bronze e latão), os discos de corte para aço (para cortar cantoneiras, tubos e barras de aço e metal) e os discos de corte para aço inox (desenvolvidos especificamente para cortar este material nobre) são apenas algumas das opções existentes.

Sem me querer imiscuir nos processos de escolha, aplicabilidade e características granulógicas, áreas técnicas para as quais outros técnicos são mais habilitados, referirei que é generosa a gama, variedade e marcas no mercado, consoante o tipo de metal a trabalhar.

Riscos e fatores de risco

A exposição e fatores de risco a considerar numa avaliação de riscos podem assinalar-se como:

i. A incorreta organização da condição dos postos de trabalho (ex. iluminação, piso irregular, ambiente térmico, insuficiente layout do espaço físico onde se desenvolvem as atividades), deficiente conhecimento das tarefas, interação com máquinas, ferramentas, equipamentos, desorganização de materiais e instalações elétricas inadequadamente dimensionadas ou em deficiente estado.

ii. O ruído, as vibrações, a radiação ótica e eletromagnética, os raios laser e UV / infravermelhos, as radiações ionizantes e não ionizantes (END-Ensaios Não Destrutivos), a interação com substâncias combustíveis, a exposição a atmosferas explosivas e que pode originar queimadura e lesões, incêndio e/ou explosão.

iii. A exposição a substâncias químicas líquidas e gasosas contaminantes causada pelo derrame, contacto ou inalação de gás, intoxicação, deficiente nível de oxigénio em atmosfera em espaço confinado e doenças profissionais resultantes de substâncias cancerígenas/ mutagénicas, mas também pelos usados no processo de ensaio e diagnostico de porosidades, resultantes de reparações, nomeadamente em reservatórios e dutos.

iv. O trabalho em altura, sobretudo em processos de montagem associados à utilização de escadas, andaimes, plataformas elevatórias e falta de proteção coletivas ou individual, assim como o contacto com peças ou equipamentos em movimento e na movimentação mecânica de cargas são de considerar.

v. A movimentação manual de cargas, movimentos repetitivos, posturas estáticas e inadequadas, pausas insuficientes, trabalho penoso, fatores organizacionais de elevadas exigências produtivas e o inadequado controlo de trabalho.

vi. Fatores de condição individual tais como as características antropométricas e condição física de cada individuo, a idade, o género, a força muscular, a mobilidade lombar, a robustez, entre outras, assim como os fatores psicossociais como o trabalho exigente, o défice de controlo das tarefas, um baixo nível de autonomia e satisfação com o trabalho, sobretudo se é monótono ou rotineiro, repetitivo, prolongado ou executado com ritmos demasiado rápidos, assim como a interatividade ou falta dela com colegas de trabalho e supervisão.

Componentes de rebarbadora
Componentes de rebarbadora

A utilização dos discos

Os discos de corte e desbaste devem ser usados especificamente nas condições de utilização prescritas pelo fabricante, (por ex. um disco de corte não deve ser usado para desbaste), e somente podem ser utilizados acessórios (discos de desbaste por abrasão, discos de corte por abrasão, etc.) aceites para a velocidade recomendada (rpm), espessura máxima e um diâmetro máximo em mm.

A consulta da ficha técnica de produto e de dados de segurança referirá as caraterísticas técnicas, informação da pressão sonora (dB) (EN 60745 1-2-3), vibrações (EN 60745), tensão nominal, modificação ou manipulação da ferramenta, como o não uso sem o punho de pega e absorção de vibrações, o resguardo de proteção do disco ou outras proteções, como muitas vezes observa em obras.

O prazo de validade está normalmente indicado na anilha metálica, sendo que o tempo de vida útil de um disco abrasivo é de três anos a contar da data de produção, dentro das condições de proteção e armazenamento indicados pelo fabricante, o que não dispensa uma verificação de estado antes de ser incorporado no equipamento;

Improvisar na colocação de um disco inadequado na flange, tipo e orientação da arruela de tensionamento (corte ou desbaste), tensionar em demasia ou subtensionar constituem um potencial risco para a segurança do operador, do equipamento e da instalação.

Corte com rebarbadora
Corte com rebarbadora
Desbaste com rebarbadora
Desbaste com rebarbadora

Na substituição de um disco de rebarbadora deve manter-se premido o botão de bloqueio do veio. Desta forma, uma mão ficará livre para substituir o disco com uma chave, enquanto a outra segura a ferramenta.

Utilizar um disco não compatível, por exemplo com uma velocidade máxima de rotação inferior à do equipamento / máquina, pode dar origem ao sobreaquecimento, desgaste excessivo e rotura do disco, o que compromete a segurança do operador, do equipamento, do material e da instalação.

Na interação com máquinas e equipamentos, riscos como o agarramento, o enrolamento, o arrastamento, o aprisionamento, o corte, o corte por cisalhamento, o golpe ou decepamento, o esmagamento, choque ou impacto, a abrasão ou fricção, a ejeção de fluidos de elevada pressão, projeção de objetos, a perda de estabilidade, a perfuração, a picadela, a rotura por sobretensão, de que podem originar cortes, lesões, escoriações, queda de mesmo nível e de nível diferente, choque elétrico, as projeções de limalhas, entre outros, não podem ser negligenciadas.

Só pessoal autorizado e habilitado deve usar equipamento com disco abrasivo, assim como fazer a manutenção e reparar, mas estes profissionais devem ser informados sobre os potenciais perigos do uso incorreto por pessoas não qualificadas ou para fins diferentes que não os para que foram concebidos. Também deve ser interdito o seu uso onde possa existir risco de incêndio ou explosão.

Trabalhos com e sem produção de calor

Na atividade de metalúrgica e metalomecânica é comum na realização de trabalhos com produção de calor, mas há também os que não envolvem produção de calor.

De entre os que não produzem calor, são mais comuns o corte com serra de perfis e tubagem, o corte por guilhotina, a perfuração, escovagem, pintura, união de peças metálicas com parafusos, montagens, maquinação, isto é, a dobragem, estampagem, calandragem, enrolamento, estiramento, quinagem, extrusão, laminagem, trefilagem, prensagem, torneamento, fresagem, furação e outros.

Corte por guilhotina
Corte por guilhotina

Complementarmente, a ação perigosa no trabalho pode resultar de factos e situações imprevisíveis fortuitas ou negligentes, se não forem mitigados riscos de fenómenos atmosféricos incontroláveis, sismos, ações de animais e outras interações.

Já o forjamento, rebarbagem e também a soldadura nos seus diferentes tipos (oxiacetilénica, arco elétrico, MIG, TIG, oxigás, por pontos) são trabalhos que requerem e geram calor e risco de incendio, mas deles me ocuparei proximamente.

Continua no próximo número…

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