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Será que a Passive House está a alterar a forma como se desenha e se constrói as habitações?

Mariana de Meneses Rebelo - Arquiteta - Certified Passive House Designer - cedrostudio – atelier de arquitetura sustentável23/07/2024

Ao projetar uma habitação há cada vez mais clientes que chegam ao atelier com poucos requisitos sobre o espaço, e grandes exigências ao nível da eficiência energética. As Passive House reúnem uma série de benefícios que tornam a sua construção bastante atrativa. Em termos económicos o preço de construção pode ser semelhante ao de um edifício convencional, contudo, a longo prazo apresenta uma enorme diferença ao nível de custos energéticos e de manutenção.

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Sim está e passo a explicar. São cada vez mais os clientes que chegam com uma ideia para a sua casa, que vai para além do número de quartos, da dimensão das divisões ou do estilo arquitetónico. A maioria de nós cresceu em casas pouco eficientes. Muito quentes no verão, muito frias no inverno, e que necessitam de uma manutenção anual no controlo de bolores e outras tantas patologias derivadas da pobreza energética que caracteriza a construção mais antiga em Portugal.

O cliente informado, chega ao atelier com poucos requisitos sobre o espaço, e grandes exigências ao nível da eficiência energética. Já sendo o conceito Passive House conhecido por muitos, é este o método que escolhem para garantir o cumprimento de todos os requisitos ao nível do conforto, eficiência e saúde.

As Passive House reúnem uma série de benefícios que tornam a sua construção bastante atrativa. Em termos económicos, o preço de construção pode ser semelhante ao de um edifício convencional, contudo, a longo prazo apresenta uma enorme diferença ao nível de custos energéticos e de manutenção.

Na questão da eficiência energética, a Passive House apresenta o mais elevado padrão de poupança energética a nível mundial. Comparativamente às construções tradicionais, as poupanças podem variar entre os 75 a 90%.

Para cumprir este método, devemos seguir um conjunto de princípios baseados na física das construções, que nos permitem alcançar a excelência. Estes princípios podem ser resumidos em cinco pontos-chave:

- O Isolamento Térmico deverá ser contínuo e cumprir com as espessuras indicadas para cada clima, satisfazendo um valor especificado na norma Passive House;

- As Pontes Térmicas deverão ser excluídas e minimizadas a todo o custo, de forma a prevenir trocas térmicas indesejadas, que a longo prazo podem provocar o aparecimento de bolores, influenciar a climatização e a qualidade do ar;

- O edifício Passive House deverá ser totalmente Estanque ao Ar, excluindo desta forma grelhas de ventilação, chaminés e saídas de exaustores. Só a estanquidade ao ar pode garantir a qualidade e a temperatura do ar interior;

- Estando a edificação estanque ao ar, a ventilação será então feita através da Ventilação Mecânica, que garante a qualidade do mesmo. Extraindo o ar saturado e insuflando ar limpo que é previamente temperado, de forma a manter a temperatura de conforto;

- A certificação Passive House de Janelas Eficientes, ajudam-nos a cumprir os valores de condutibilidade térmica exigidos e a sua perfeita instalação permite-nos manter a continuidade de isolamento e estanquidade na edificação.

A forma de alcançar estes resultados não obriga a grandes alterações ao nível de materiais ou métodos construtivos, obriga sim a uma maior exigência e rigor no seu desenho e na sua perfeita execução. Desta forma, projetistas e construtores devem estar em perfeita sintonia, para que todos os objetivos sejam atingidos.

O que muda na fase de projeto?

Idealmente o projeto deve ser planeado como Passive House desde o início pelos projetistas, por forma a calcular vários fatores que podem ser decisivos para o desempenho de uma Passive House, como por exemplo:

- A orientação solar ideal;

- O dimensionamento das áreas de envidraçado e de sombreamento, que controlem os ganhos e perdas solares de forma passiva;

- A espessura ideal de isolamento;

- O formato do edifício, que deve ser compacto para diminuir o número de pontes térmicas;

- A determinação da localização da unidade de ventilação, de modo a diminuir os circuitos internos e consequentes perdas de energia, assim como a emissão de ruído;

E para além destes, serão introduzidos num programa de cálculo (PHPP - Passive House Planning Package) mais fatores que nos garantem, que na sua perfeita execução, aquele projecto se poderá tornar numa Passive House Certificada.

O que muda na fase de construção?

Como em qualquer tipo de construção, um trabalho bem realizado, sério e de qualidade, trará sempre mais clientes. No caso da Passive House, tudo isto se aplica em dobro, uma vez que um trabalho bem executado irá obter a Certificação Passive House, que é por si só um marco de enorme excelência.

Qualquer construtor pode conhecer o método e aplicá-lo sem dificuldade após a formação Certified Passive House Tradesperson. Mas na realidade a diferença entre a construção tradicional e a construção de acordo com o método Passive House, não passa de um maior rigor relativo aos pontos-chave referenciados antes.

O cuidado na instalação do isolamento térmico, e o cumprimento das regras para evitar as pontes térmicas, são um dos requisitos de instalação. Por exemplo, a regra da anulação, evita qualquer tipo de interrupção na colocação do isolamento; ou a regra da penetração que utiliza materiais com menor condutividade térmica quando esta interrupção da envolvente não puder ser evitada; assim como a regra da ligação que obriga a que cada camada de isolamento se funda uma na outra para evitar descontinuidades.

A instalação das janelas é também um fator diferenciador, já que estas devem ser instaladas no seguimento do isolamento, ao invés da instalação convencional na zona da alvenaria. Esta instalação através de pré-aros de madeira, ou cantoneiras metálicas pontuais permitem mais uma vez, a continuidade da envolvente térmica.

Relativamente ao sistema de ventilação e equipamentos de AQS, a determinação da localização dos equipamentos, pode ser imediatamente uma grande ajuda na diminuição do seu impacto, na continuidade da envolvente estanque e térmica. Por exemplo, a instalação da unidade de ventilação fora da envolvente térmica da casa, em zonas como garagens ou arrumos, pode evitar condensações desnecessárias dentro da envolvente, que irão produzir bolores e fungos. Contudo, se esta não puder ser evitada, deverá ser usada uma barreira anti vapor.

Ao nível da tubagem, será necessário rever as zonas em que estas deverão ser isoladas. Por exemplo, qualquer tubagem de transporte de aquecimento dentro e fora da envolvente térmica deverá ser bem isolada por forma a evitar a dissipação de calor e sobreaquecimento no verão, assim como a tubagem fria que deve também ser isolada para que seja impermeável à difusão.

Estas são algumas, das pequenas (grandes) mudanças ao nível da construção e instalação, que podem fazer toda a diferença no desempenho energético da edificação.

Quais são as vantagens destas mudanças?

Este rigor e cuidado na fase de desenho e execução, para além das claras vantagens que trazem ao utilizador do edifício, trarão vantagens também para o construtor, por exemplo ao nível da manutenção.

A ausência de bolores provocada pela inexistência de superfícies frias nos ambientes interiores, e a adequada renovação do ar e controlo dos níveis de humidade relativa, irá implicar uma menor manutenção dos sistemas e equipamentos, trazendo assim uma enorme poupança a nível económico e de recursos.

Num mercado extremamente competitivo como o da construção, a diferenciação será sempre um elevador para o sucesso, e neste caso, o método Passive House oferece a garantia dos valores mais relevantes do momento: inovação, sustentabilidade, conforto e saúde.

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