Os edifícios desempenham um papel significativo no consumo global de energia e nas emissões de gases de efeito estufa. Na União Europeia, são responsáveis por cerca de 40% do consumo total de energia e mais de um terço das emissões nos 27 Estados-membros. Estes números destacam a importância de tornar as construções mais eficientes do ponto de vista energético para mitigar os impactos ambientais do setor da construção.
Uma abordagem essencial para alcançar a eficiência energética dos edifícios é reconhecer que não é necessário começar do zero. A indústria da construção é responsável por cerca de 23% das emissões globais de gases efeito estufa, principalmente devido ao consumo de energia durante a operação e produção de materiais, além de gerar cerca de 30% dos resíduos sólidos urbanos no mundo. Por isso, ao optarmos por construir novos edifícios, devemos utilizar materiais de construção ecológicos e reciclados, com menor impacto ambiental durante a produção e o descarte.
No entanto, pode ser mais benéfico aproveitar soluções existentes e melhorá-las com o auxílio de tecnologias inovadoras como a Inteligência Artificial (AI), Internet das Coisas (IoT) e Big Data. Estas ferramentas permitem analisar dados em tempo real para otimizar o consumo de energia, ajustar automaticamente o consumo com base nas necessidades reais, reduzir o desperdício, prever a necessidade futura de energia, monitorizar o consumo de energia, temperatura, humidade e outros parâmetros através de sensores e dispositivos conectados em rede, tomar decisões inteligentes e impulsionar a mobilidade sustentável. Além da tecnologia, é também importante integrar fontes de energia renovável, como painéis solares e turbinas eólicas, para alimentar os edifícios e assim reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Estão em andamento vários esforços globais para construir um futuro mais verde e sustentável, como a COP 28 (28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) que ocorreu no Dubai, Emirados Árabes Unidos, em 2023. Foi o maior encontro deste género, com cerca de 85 mil participantes, incluindo mais de 150 Chefes de Estado e de Governo, e que evidenciou que o progresso dos esforços mundiais para enfrentar o aquecimento global está atrasado em todas as áreas de ação ambiental. Como resultado, os países decidiram acelerar a ação até 2030.
Recursos financeiros, como os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destinados à descarbonização, são essenciais para essa missão. Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou uma nova diretiva com o objetivo de impulsionar a eficiência energética das construções. Alguns dos principais objetivos incluem duplicar a taxa anual de renovação energética das habitações, gerar empregos na indústria da construção para renovar e melhorar os imóveis e contribuir para a neutralidade de emissões poluentes até 2050.
A implementação de tecnologias como a digitalização e a inteligência artificial em construções é crucial para otimizar o consumo de energia, através de sensores inteligentes, sistemas de automação e análise de dados. A renovação energética de imóveis existentes é fundamental e deve focar-se na melhoria do isolamento térmico, na substituição de sistemas obsoletos e na adoção de fontes de energia mais limpas. A consciencialização sobre a importância da eficiência energética é também urgente e precisa de ser intensificada.
Os edifícios desempenham um papel vital na transição para uma economia de baixo carbono. Não podemos adiar a ação: a colaboração global e a adoção de tecnologias inteligentes são essenciais para alcançar as metas de desenvolvimento sustentável e construir um futuro mais verde para as próximas gerações. Essa responsabilidade partilhada exige ações urgentes e a união de esforços de todos os países, empresas, indivíduos e organizações. Juntos, podemos construir um futuro mais sustentável e com menor emissão de carbono, onde os edifícios sejam eficientes, inteligentes e contribuam para um planeta mais saudável.
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