O mundo está num processo sem volta. É necessário apostar na descarbonização e na transição energética por forma a preservar o planeta. Uma mensagem transmitida por António Costa e Silva, ministro da Economia e do Mar, na sessão de abertura do painel Energylive: A Transição Energética e a Reindustrialização Sustentável da Economia Portuguesa, que decorreu no Portugal Smart Cities Summit 2023.
O ministro considera preocupante o cenário atual, onde se verifica a fragmentação das cadeias de abastecimento, assim como do comércio mundial. Mesmo porque “o comércio é um fator de criação de riqueza”, sendo que “hoje há alguma retração do comércio internacional”, o que, em última análise, “vai afetar o desenvolvimento das economias”.
António Costa Silva avisa que é neste contexto que se deve avaliar a prestação da economia portuguesa e que esta, em 2022, teve uma “resposta notável”, com um crescimento de 6,8% no PIB. “As exportações alcançaram 50% das exportações do PIB”, revelou o ministro, que acrescentou que “há décadas que não chegávamos a esse valor”. Por outro lado, fez questão de afirmar que os valores não se devem apenas ao turismo. Um exemplo apontado foi o setor metalomecânico, de fabricação de máquinas e equipamentos, que atingiu receitas de exportações de 23 mil milhões de euros – acima do turismo. A par disso, o ministro realçou ainda a importância da indústria de componentes para o setor automóvel, “que chegou aos 13 mil milhões de euros de exportações no ano passado”. Um valor que António Costa e Silva apelidou de histórico.
Para o futuro o ministro realça o “super desafio” da eólica offshore, com “o leilão que vai sair até ao fim deste ano”. Segundo o ministro, Portugal encontra-se numa posição privilegiada em termos de produção de energia através desse recurso. No entanto António Costa e Silva também afirmou que não se pretende cometer os mesmos erros do passado, “ao nível do não aproveitamento das oportunidades”.
A opinião do ministro é a de que “estamos do lado certo da história no que concerne à transição energética”. Face a isto é convicção de António Costa e Silva de que “temos que capitalizar todo o imenso potencial que o país tem nas energias renováveis”. O que vai ser feito através do desenvolvimento deste cluster, “que só pode beneficiar o país se também for utilizado para atrair a nova geração de energias verdes”. E aqui o ministro aponta, imediatamente, a energia do aço, que é a “mais poluente do planeta”, sendo responsável por “cerca de 8% das emissões de CO2”. António Costa e Silva revelou que o governo, com os grandes players internacionais, está a tentar captar, para Portugal, os grandes projetos do aço verde.
O ministro revelou ainda estar preocupado em assegurar a transição energética de uma indústria muito importante para a economia portuguesa: os fabricantes de carros. O ministro relembrou o anúncio referente ao fabrico do primeiro carro elétrico ligeiro em Portugal, e apontou estar em conversações com vários fabricantes. O grande trunfo de Portugal, para António Costa e Silva, são as minas de lítio, “das maiores minas que temos no âmbito da União Europeia”. Relembrando os erros anteriores, o ministro refere que “não podemos apenas explorar a matéria-prima e exportá-la”. Pelo contrário: “queremos sediar no país toda a cadeia de valor do lítio, desde a extração, a refinação, a produção de células, a construção das baterias e a economia circular aplicada para tratar os resíduos e os materiais”.
Na opinião de António Costa Silva, “se conseguirmos fazer isso, atraindo, ao mesmo tempo, grandes fabricantes de baterias para o país”, conseguimos avançar para um mundo de transição cada vez mais apoiado pelas baterias. O ministro referiu mesmo um estudo levado a cabo pela Agência Internacional de Energia, que aponta que, até 2040, o planeta vai precisar de 10 mil GW/hora em termos de capacidade de baterias. “O que significa 50 vezes a capacidade que temos hoje”, constata, acrescentando que a maioria das fábricas de baterias está na Ásia e que a Europa está atrasada, tendo de batalhar para apanhar o comboio.
Quanto a Portugal, o ministro salienta que há que perceber que há áreas da reindustrialização que são essenciais, nomeadamente não só as indústrias tradicionais. António Costa e Silva salientou o esforço de indústrias como as siderúrgicas, as cimenteiras e as petroquímicas, no seu “envolvimento extraordinário no processo de transição energética”. Na opinião do ministro muitas dessas indústrias compreenderam o problema em vez de o hostilizar, pelo que “é muito importante apoiar o centro de descarbonização destas indústrias”.
Qual a importância disto? “A descarbonização destas indústrias é parte do processo de transição energética para preservar a base industrial do país e para alinhá-la com o futuro”. E é algo que já está em curso, como aponta o ministro, dando como exemplo a eletrificação dos fornos, do processo de trabalho, e inclusive o tratamento dos resíduos. Isto é importante porque, como lembra António Costa e Silva, “os países industrializados são aqueles que geram mais valor e mais riqueza”.
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