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Preceram: apostar no isolamento é investir na eficiência energética dos edifícios

Alexandra Costa26/04/2023
Mercado português prefere comprar equipamentos de aquecimento/arrefecimento a investir em medidas de médio/longo prazo.
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Quando se fala no setor da construção há o hábito de pensar imediatamente nas habitações novas. No entanto há também que considerar a reabilitação urbana. Que, como lembra Ávila Sousa, diretor técnico e marketing na Preceram, os números apontam para um crescimento seguido de uma estagnação. “Aquilo que gostaríamos que fosse o arranque de uma nova onda de reabilitação energética – aposta no isolamento – não tem acontecido”, constata.

Durante a Semana da Reabilitação Urbana, que decorreu nos últimos dias de março, em Lisboa, foram apresentados os números do Programa de Apoio do Fundo Ambiental, onde se verificou que “grande percentagem desse apoio foi para equipamentos ativos”. Quer isto dizer “não houve adesão do publico para os sistemas de isolamento, para os sistemas de arquitetura bioclimática”. Para se ter uma ideia “os valores não chegaram sequer a 1%”. Para se ser mais preciso, o relatório da Fase II do Programa Edifícios mais Sustentáveis 2021/2022 – com dados atualizados a 3 de janeiro de 2023 – dão para estes sistemas, em termos de número de candidaturas elegíveis, 0,5% no caso do isolamento em coberturas e/ou pavimentos, 0,7% no isolamento em paredes e 0,0% para a arquitetura bioclimática (que recebeu apenas 13 candidaturas).

Qual a explicação? Será que o que está em causa é o facto de a opção por este tipo de soluções implicar obras mais complexas ou há ainda desconhecimento por parte das pessoas para a sua existência e vantagens? Na opinião do executivo da Preceram, as pessoas já perceberam a importância – “e notamos isso nas vendas e nos pedidos que recebemos”. A questão, aponta Ávila Sousa, é que o Programa não reflete essa complexidade. Afinal “comprar um equipamento é muito mais simples que instalar um isolamento”. Por outro lado, acrescenta, o Programa está feito de forma que as empresas tenham de investir na obra. Só depois desta concluída é que se pode submeter a candidatura e “passados uns meses sabemos que foi rejeitada porque faltava um papel qualquer”. Para Ávila Sousa esta experiência inicial – que aconteceu – contribuiu para uma renitência por parte das pessoas. Sem esquecer que todo o processo é demasiado burocrático e “não pensado para este tipo de obra”. Basta pensarmos que toda a reabilitação implica várias fases de obra, licenças, alvará... são vários os players envolvidos.

Investir numa solução a médio/longo prazo

Pensar em reabilitação urbana, e mais precisamente na questão do investir no isolamento, é perceber que se trata de um investimento a longo prazo. “A aposta no isolamento promove a eficiência energética a médio-longo prazo e ter equipamentos de aquecimento e arrefecimento em edifícios não isolados é o mesmo que andarmos com um carro com as janelas abertas e o ar condicionado ligado”. É fácil perceber que “não é eficiente”.

Mas não basta as entidades oficiais simplificarem o processo – diga-se haver menos burocracia. A indústria também tem de estar informada e passar esses dados ao consumidor final. Que assim pode tomar decisões mais informadas. Mesmo porque, nestes casos (assim como em muitos outros), por vezes (demasiadas vezes) o barato sai caro.
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Ávila Sousa dá o exemplo do isolamento em lã mineral, que é fabricada em Portugal e é mais sustentável – mais valias que, segundo o executivo da Preceram, permitem ter um preço mais competitivo no mercado. Sendo que é um material de maior qualidade e que permite uma maior eficácia. Sem esquecer que a lã mineral “tem um excelente desempenho tanto no verão como no inverno”, sendo também “resistente ao fogo” e contribuindo “para o conforto acústico”. E isto é importante porque uma parede tem de cumprir várias funções.

A pensar nisto – no facto de pensar para além de apenas uma funcionalidade – a Preceram desenvolveu uma biblioteca de soluções para paredes exteriores já caraterizadas para o arquiteto ter uma fica técnica e perceber o que é que pode utilizar. “Simplifica a prescrição e simplifica, ao utilizador final, saber já não as propriedades do material A ou B, mas sim da solução do sistema construído”, constata.

E quando mais cedo se pensar nisso melhor. porque é muito melhor pensar numa solução integrada e eficiente do que trabalhar sobre algo que já está concluído ou em estado avançado de obra. Como explica Ávila Sousa, quando se trabalha sobre um edifício digital qualquer alteração custa zero – o que permite ensaiar e verificar até se chegar ao projeto final e só depois iniciar a construção. Um cenário que, acrescenta, abre a porta a uma construção mais industrializada, com partes do edifício a serem construídas em fábrica...

O que “joga” com outro tema. O da eficiência energética, ou “pobreza” dos edifícios. Classificação onde Portugal não alcança bons valores. Basta pensar na fatura da eletricidade que tipicamente sobe nos dias de maior calor/frio. E é precisamente por isto mesmo que se deveria apostar (mais) na aplicação do isolamento. “Quando se faz a relação custo/beneficio da instalação do isolamento verifica-se que não gastamos muita energia para aquecer/arrefecer”, refere, apontando que um estudo publicado há cerca de cinco anos indicava que todos os edifícios eram energia quase zero. “Porque ninguém ligava o aquecimento ou o arrefecimento”, explica, adiantando que não havia conforto dentro dos edifícios e que isso acontecia (acontece) porque as pessoas não tinham dinheiro para ligar os equipamentos (ou nem sequer havia equipamentos).
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Um estudo feito em 2020 – “Estratégia de longo prazo para a renovação dos edifícios de Portugal (ELPRE PT) – diz “preto no branco” o que muitos, como Ávila Sousa, já diziam há muito tempo: que a aposta no isolamento - ou seja, o conforto dentro de casa – não significa apenas poupança no custo energético. “É menos dias de baixa por doença e maior produtividade no trabalho porque não estamos todos encolhidos (incluindo nas escolas, hospitais, lares de idosos...)”, aponta o executivo da Preceram, que acrescenta que o conforto não significa apenas andar de t-shirt dentro de casa. “É quase sobrevivência. É aquele limiar entre termos doença ou uma vida saudável”. Mesmo porque está diretamente relacionado com a qualidade do ar interior.

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