30 DOSSIER AR CONDICIONADO O ANO ZERO DO DESEMPENHO ENERGÉTICO E AMBIENTAL Segundo a estratégia apresentada em maio de 2022 pela Comissão Europeia, pretende-se, até ao final da década, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis oriundos da Rússia. Para tanto, a CE “pretende duplicar a taxa de implementação de bombas de calor individuais”, de modo a atingir “um total acumulado de dez milhões de unidades nos próximos cinco anos”. Como comenta a vice-presidente da EFRIARC, “sabe-se que os fabricantes de equipamentos de ar condicionado estão a efetuar enormes investimentos no sentido de, para além de melhorarem a eficiência energética dos seus produtos, garantirem o fornecimento desta enorme quantidade num tão curto espaço de tempo”. De referir que atualmente o parque de bombas de calor, de todos os tipos, em Portugal ronda dois milhões de unidades, incluindo unidades reversíveis, de acordo como relatório Heat Pumps Barometer, do EurObserv’ER. Já segundo Nuno Roque, os fabricantes “estão cada vez mais a adotar alternativas aos gases fluorados, como anteriormente o fizeram relativamente aos clorados”. Assiste-se à aposta nos fluidos naturais, como hidrocarbonetos, dióxido de carbono e amoníaco, “dependendo da tipologia de infraestruturas, aplicações, capacidades e potências envolvidas, como alternativas mais ecológicas aos refrigerantes sintéticos”. Para o secretário-geral da APIRAC, considerando o conjunto de diplomas europeus que estão a ser discutidos, e num quadro em que a perspetiva sobre a regulamentação reúne distintas visões (energética, ambientalista, política) que se cruzam com questões tecnológicas ou de recursos, “2023 será um ano de grandes novidades regulamentares para o setor”. Poderemos dizer que “será um ano ‘zero’ para uma nova fase na vida europeia relativamente a questões de ordemenergética e ambiental dos edifícios e dos sistemas e equipamentos que neles coexistem”, concretiza Nuno Roque. Para além da “O previsível aumento de temperatura e humidade ambientes vai implicar a utilização de climatizadores como uma necessidade, e não como um luxo” - EFRIARC Diretiva Europeia para o Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), outros diplomas impactados coma estratégia europeia Repower-UE, que concretiza o plano Green Deal, irão ser alvo de revisão em 2023, designadamente as diretivas de eficiência energética e de energia proveniente de fontes renováveis, conclui. Também a revisão do regulamento europeu para os gases fluorados “será determinante para o funcionamento do mercado”. Em discussão está a redução gradual das quotas de gases fluorados, a inclusão de novos fluidos no regulamento (designadamente com o intuito de promover a utilização de fluidos naturais) e o estabelecimento de novas medidas para prevenir o comércio ilegal de gases fluorados. Espera-se que esta revisão entre em vigor a 1 de janeiro de 2024. Em todas estas dimensões, “as bombas de calor e os fluidos alternativos serão preponderantes da nova realidade à qual as empresas terão de atender e adaptar-se”, sintetiza o responsável da APIRAC. Uma realidade para a qual as preocupações e consequentes passos da indústria de ar condicionado rumo à sustentabilidade, à economia circular e à eficiência energética já estão a contribuir. n
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