Atualmente, não se pode falar de sustentabilidade e eficiência nos Data Centers sem ter em conta as tecnologias de arrefecimento – até porque o arrefecimento tem um peso de cerca de 30 a 40% na fatura elétrica mensal dos Data Centers. Reduzir esta percentagem não é fácil, porque existem muitos fatores que impactam o arrefecimento; contudo, existem algumas medidas possíveis que os operadores de Data Center podem, desde já, colocar em prática. Uma delas é, por exemplo, aumentar a temperaturadas salasdeTI –mantendo-a, obviamente, dentrodosparâmetros recomendados –, porque muitas vezes se verificaque a simples subidadeumgrau na temperatura ambiente é suficiente para otimizar em 3-4% a utilização e eficiência do arrefecimento. Por outro lado, pode também recorrer-se a algumas tecnologias, como a levitação magnética em ambientes quentes, que reduz emcerca de 30% o consumo; ou a adição de ventiladores no solo dos Data Centers, que ajuda a acelerar o fluxo de ar e melhora a sua eficiência em 5 a 10%. Por fim, a refrigeração líquida será também um ativo extremamente importante para este efeito – mas, neste momento, ainda o vemos como algo que “vai chegar”, porque requer densidades em rackmuito elevadas, de pelo menos 20kW, e tal ainda não é possível emmuitas aplicações. Contudo, a refrigeração líquida deverá ser tida em conta sempre que for viável, porque traz muitas vantagens – a refrigeração em servidores geralmente está nos 30º ou 40º, mas se conseguirmos atuar diretamente sobre o servidor falamos de temperaturas de 70º ou 80º, um valor de temperatura que é muito atrativo para uma posterior reutilização do calor e para reduzir a PUE – o valor que mede a eficiência da utilização de energia de um Data Center – dos atuais 1.3 ou 1.4 para 1.10 ou 1.15. O ARREFECIMENTO É INCONTORNÁVEL – POR ISSO TEMOS DE APRENDER A TORNÁ-LO EFICIENTE É sabido que os refrigerantes têm um grande impacto sobre omeio ambiente; contudo, são absolutamente incontornáveis para o funcionamento dos Data Centers. Tendo em conta que a União Europeia lançou recentemente uma nova legislação que limita a utilização de gases fluorados – os tradicionalmente mais utilizados na refrigeração –, todos os operadores de Data Center serão obrigados a tomar uma decisão quanto aos materiais e produtos que vão utilizar daqui para a frente. Ainda que os gases fluorados permaneçam no mercado, a sua utilização pode hipotecar o futuro do Data Center, trazendo consequências negativas a nível de limitação da operação e também financeiras. Por outro lado, outro ponto muito importante para promover a eficiência do arrefecimento dos Data Centers é a capacidade de reaproveitar o seu calor. Temos já alguns exemplos, sobretudo nos países nórdicos, em que se pratica de forma generalizada o district heating – a implementação de um sistema de distribuição de calor, gerado num local centralizado e através de um sistema de tubos isolados, para aquecimento residencial e comercial, seja da temperatura ambiente ou da água. Tambémé possível reaproveitar o calor dos Data Centers para ajudar empresas e instalações do setor industrial. Contudo, na zona ibérica isto ainda é complicado, porque é preciso um determinado nível de apoio por parte do Estado que demomento não existe – mesmo tendo o calor disponível, é necessário estar em contacto com as empresas que nos rodeiam para perceber onde é possível ajudar. Se temos disponível um calor de 40º, porque não o utilizamos para aquecer outras empresas ou até residências próximas, mesmo que só no inverno? Esta é uma questão premente, mas depende totalmente de uma mudança nas nossas infraestruturas e sua gestão, pelo que a ação do Estado é indispensável – e, a nosso ver, urgente. Em resumo, nos dias de hoje, umData Center eficiente é umData Center que tira o maior proveito do seu arrefecimento, esta realidade traz benefícios a todos os níveis – não só para o bolso dos seus operadores, mas também para o planeta em si. É hora de olhar para esta questão emprofundidade, e felizmente já existemmuitas medidas disponíveis de tentar aumentar a eficiência. Não percamos mais tempo! n
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