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62 RENOVÁVEIS | HIDROGÉNIO O papel do Hidrogénio Verde no mix energético O reconhecimento da cadeia de valor do hidrogénio verde tem sido acentuado na última década, e já não existem dúvidas de que terá um papel preponderante no mix energético. A tecnologia evoluiu, tanto na produção, como no transporte e armazenamento, e será cada vez mais central para garantir a descarbonização dos setores “hard-to-abate” e, no setor da eletricidade, gerar renovável “despachável”. A invasão da Ucrânia pela Rússia veio também acelerar esta evolução, ao expor a importância da segurança e independência energética. Susana Serôdio e Ricardo Ferreira APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis O lançamento do pacote REPowerEU (a resposta da UE à referida invasão) apresentou novas metas europeias para o hidrogénio, mais ambiciosas relativamente às anteriores, ao definir o objetivo de, até 2030, produzir internamente 10 milhões de toneladas de hidrogénio renovável, e outros 10 milhões de toneladas de importações. Para isso, a Comissão Europeia disponibilizou 27 mil milhões de euros para investimentos diretos em eletrolisadores e distribuição de hidrogénio na União Europeia. Em setembro, a ambição da Europa foi assumida pelo Parlamento Europeu, com a aprovação da alteração da RED II (Renewable Energy Directive), para introduzir metas vinculativas para o hidrogénio renovável e seus derivados, estabelecendo os objetivos de que 5,7% da energia no setor dos transportes seja proveniente de combustíveis renováveis de origem não biológica até 2030, e 75% de incorporação na indústria até 2035. Para garantir que a Europa consegue garantir a produção necessária, e não comprometer a indústria, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, anunciou a criação de um novo Banco Europeu de Hidrogénio, com um orçamento de 3 mil milhões de euros. Este é suposto garantir o ponto de partida, para alavancar a economia do hidrogénio, garantindo que são criadas economias de escala para se atingir custos mais competitivos. Relativamente à média europeia, Portugal definiu metas ambiciosas desde cedo, pois reúne todas as condições necessárias para desempenhar um papel importante na cadeia do hidrogénio a nível europeu. O recurso renovável abundante e a incorporação renovável já existente permitem colocar o país numa situação privilegiada. A antecipação da meta de 80% de energia renovável no mix elétrico para 2026 em reposta à crise energética, bem como os recentes 10 GW de offshore anunciados para 2030, vêm suportar o desenvolvimento necessário para que exista um mercado de hidrogénio renovável em Portugal. A nível geográfico, o país detém ainda a seu favor rotas de transporte marítimo, que podem assegurar o transporte do hidrogénio para países com elevadas necessidades energéticas como França e Alemanha, e as relações geopolíticas são estáveis para que a exportação exista. Com a revisão do PNEC 2030, prevista para junho de 2023, espera-se já uma atualização destas metas, integrando a nova ambição europeia e as sinergias expectáveis entre as tecnologias offshore e a economia do hidrogénio. Atualmente, estão emdesenvolvimento dezenas de projetos de hidrogénio renovável com diferentes fases de maturidade, com destaque para a região de Sines, com um conjunto de projetos que ultrapassa a capacidade de 500 MW de eletrolisadores.

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