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OPINIÃO 47 avaliar a viabilidade ambiental e financeira. A cada Governo uma localização é assumida como bandeira, como se esta obra fosse “salvar” alguma honra perdida no passado pela sua não concretização. Mas nesta análise, apesar de existir uma avaliação ambiental esta é, digamos, verdadeiramente redundante. É que passados estes 50 anos a pergunta que deveríamos estar a colocar sobre a mesa das decisões deveria ser: vale a pena construir uma nova infraestrutura, com todas as infraestruturas necessárias para garantir o funcionamento do novo aeroporto numa realidade económica e num planeta diferente, em que urge a necessidade de ação nas políticas e nas estratégicas de uma sustentabilidade mais corporativa? Curiosamente, a ONU e a Comissão Europeia apontam para uma política de um turismo sustentável, em que Portugal subscreveu, assumindo o compromisso de adequar este setor com as melhores práticas disponíveis, em diversas questões, como o uso adequado dos recursos naturais e ambientais, o respeito pela autenticidade sociocultural das comunidades locais, potenciar a sustentabilidade económica das diferentes atividades turísticas e assegurar que estas atividades são economicamente viáveis a longo prazo. Foi nestes últimos 50 anos que assistimos àmaior conferênciamundial sobre os temas ambientais - a Cimeira do Rio, dedicada a analisar o desenvolvimento sustentável, que se veio a perpetuar durante as décadas seguintes, com outras cimeiras e encontros globais para discutir os problemas ambientais, as alterações climáticas, os efeitos negativos na biodiversidade, a degradação ambiental, bem como definir compromissos universais e comuns. Em Portugal, a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas 2020 (ENAAC) estabelece os objetivos e o modelo para a implementação de soluções para a adaptação de diferentes setores aos efeitos das alterações climáticas, onde se inclui os transportes. A mobilidade tem sido responsável por 24,5% das emissões de GEE, pelo que a aposta na eletrificação e na ferrovia têm sido medidas apontadas como soluções. Mas se a aposta é a ferrovia, se a dimensão de Portugal coloca as outras infraestruras aeroportuárias já existentes a uma distância reduzida de Lisboa, se o objetivo é apostar no turismo sustentável, porque tanta resistência emmanter uma obra que está “desatualizada”? Por outro lado, Lisboa é uma das capitais que, à semelhança de muitas outras capitais europeias, que sofria e voltou a sofrer (após confinamento) com o overturismo (turismo excessivo ou turismo de massa). O overturismo tem sido um dos maiores problemas sociais, ambientais e diria económicos do setor do turismo. Afasta as comunidades locais dos centros das cidades, desgasta os locais de interesse arquitetónico e cultural, subcarga os meios naturais, polui zonas sensíveis, e na grande maioria das vezes a contrapartida financeira é muito reduzida face ao efeito que o mesmo provoca. Foi com base neste efeito observado ao longo destes últimos 50 anos que

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