“As medidas de eficiência energética são essenciais para alcançar as metas de descarbonização”, disse Joanaz de Melo. 16 REPORTAGEM de hidrogénio no gás natural. “Além disso, estamos também a desenvolver projetos com incrementação de 100% de hidrogénio”, acrescentou. “Temos que atuar na produção de energia”, afirmou Bruno Santos que não tem dúvidas de que, em 2050, “não vamos ter o mundo completamente descarbonizado”, embora haja países a várias velocidades e num caminho claro de aposta nesse rumo. “A eletricidade vai ocupar um papel cada vez mais preponderante no consumo final de energia, estamos a tentar eletrificar a economia, e o gás natural terá uma redução paulatina à medida que vai sendo descarbonizado por via de outras fontes, seja pela eletrificação do consumo, seja pela penetração de hidrogénio ou de outro tipo de gases renováveis”, sustentou. Todavia, numa perspetiva de negócio, “a maior taxa de crescimento anual nas próximas três décadas é a economia do hidrogénio. Sabemos que atualmente ainda tem um peso reduzido (mais focado na indústria e refinação) mas entrando na descarbonização em todos os setores, vai ter uma taxa de crescimento significativa, e há uma clara intenção já nas políticas públicas e da União Europeia para introduzir o hidrogénio verde na economia”. Além disso, disse, o hidrogénio apresenta uma elevada flexibilidade não só para o sistema de gás, mas para o próprio sistema elétrico. Ou seja, “sendo um elemento químico, tem uma grande capacidade de integrar os setores, quer o sistema elétrico, quer o de gás, porque também permite armazenar energia sob a forma química, por exemplo, nas cavernas que Portugal detém na zona do Carriço (concelho de Pombal), e estamos a fazer estudos nesta matéria, sendo que podemos ter armazenamento sazonal de energia”. Bruno Santos explicou que as infraestruturas permitem ganhos de escala. “A REN, na sua visão, acredita que os projetos de hidrogénio são tao mais competitivos quanto mais escalabilidade tiverem, até por questões técnicas da eletrólise, por isso, acreditamos que as infraestruturas podem servir de interligação entre aquilo que são os consumidores e os produtores”, sublinhou o responsável. Bruno Santos relembrou ainda que Portugal tem condições únicas para a produção de eletricidade de origem renovável, com custos competitivos a uma escala global. “Tecnicamente, olhando para aquilo que é o potencial eólico offshore, onshore, a posição geográfica do nosso País, a costa que temos e a zona marítima exclusiva, somos dos poucos que tem condições para produzir energia, não só para descarbonizar a economia, mas com a possibilidade de exportar, fazendo com que se abram portas de negócio e competitividade”, afirmou. “ÉMUITO IMPORTANTE LEVARMOSASÉRIOAQUESTÃO DOUSOEFICIENTEDEENERGIA” Outro dos oradores no Seminário de Outono da EFRIARC foi João Joanaz de Melo, professor na Universidade Nova de Lisboa, que apresentou uma comunicação centrada nas ‘prioridades na descarbonização: eficiência, descentralização e juízo’. Fez um percurso sucinto sobre o problema das alterações climáticas e as suas causas bem como as consequências que já todos sentimos há muito tempo e cuja tendência é para o agravamento. “A neutralidade carbónica em 2050 requer alteração do paradigma económico e do sistema energético”, disse, lembrando que “as políticas energéticas, tradicionalmente, estão focadas na gestão da oferta, havendo um progresso lento na intensidade energética, por falta de ambição, de meios e de eficácia na promoção da eficiência”. Com sérios avisos deixados durante a sua intervenção no que toca aos comportamentos sociais no que à energia diz respeito, Joanaz de Melo deixou
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